A cachaça e o cigarro
Mata aos poucos e ninguém vê
Vou beber e vou fumar
Não tenho pressa pra morrer
Fumo quarenta cigarros
Por dia sem reclamar
Dez na hora do café
Dez quando vou almoçar
Mais dez na hora da janta
E dez quando vou me deitar
Dizem que a cachaça mata
Eu sei que eu vou morrer
Ela leva qualquer um
Leva eu leva você
E quanto vida eu tiver
Eu não deixo de beber
Cigarro é uma tentação
Foi o cão quem inventou
Estraga nosso pulmão
Coração nosso motor
Vai matando aos pouquinho
Causando tristeza e dor
Cachaça virou café
Na mesa do cachaceiro
No almoço e no jantar
Ele bebe o dia inteiro
Sem cachaça meu amigo
Vou viver no desespero
Quem fuma perde o fígado
A garganta e o rim
Fuma folha de hortelã
Bosta seca com capim
Essa praga de urubu
Eu duvido pegar em mim
O viciado em cachaça
Adora uma bebedeira
Só se mete em confusão
Manguaça a semana inteira
Erra o caminho da casa
Ainda apanha de bobeira
Quem fuma perde o espaço
No shopping nos restaurantes
Vive refém do cigarro
Coitado do ignorante
Fica um bafo desgraçado
Se achando elegante
Já o velho manguaceiro
Está lá de prontidão
De vez enquanto um morre
Por causa da tentação
Quando briga vai preso
E se lasca na detenção
O cigarro destruiu
A vida de muita gente
É preciso uma medida
Pra salvar gente inocente
Pois tem criança que morre
Ainda dentro do ventre
Eu já vi pai de família
Que destruiu o seu lar
Perdeu a esposa e os filhos
Só para viver num bar
Hoje ele tá na sarjeta
Não tem nem onde morar
Quem fuma está se acabando
Somente ele não vê
O cigarro atrapalhando
Sua vida seu lazer
Doente sem solução
Vai sofrendo até morrer
O cachaceiro também
Anda meio sem saída
Bebe a semana inteira
Esquece até da comida
De tanto beber cachaça
Termina perdendo a vida
Vou ora pedir a Deus
Pra ele me ajudar
Pra desse vício maldito
Ele poder me livrar
A chupeta do capeta
Nunca mais quero chupar
Também vou pedir a Deus
Pra me erguer essa taça
Pra parar com a bebedeira
E essa vida de manguaça
Vou desinchar os meus pés
E deixar de beber cachaça